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19 de Abril de 2024
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    Cláusula de seguro que limita cobertura de furto tem de ser clara

    há 14 anos

    A Sul América Companhia Nacional de Seguros terá de pagar a uma microempresa de informática a indenização securitária pelo furto de objetos segurados A seguradora tentou isentar-se do pagamento alegando que o furto foi simples e que o contrato cobre apenas furto qualificado A 4ª Turma do STJ não acatou o argumento da Sul América, por entender que a cláusula contratual que previa cobertura somente para furto qualificado não era clara, violando o Código de Defesa do Consumidor

    Depois de ser condenada em primeira e segunda instâncias, a Sul América recorreu ao STJ, sustentando que a empresa de informática não se enquadra no conceito de consumidor e insistindo na validade da cláusula que previa cobertura apenas de prejuízos decorrentes de furto qualificado A seguradora alegou que ninguém pode deixar de cumprir a lei a pretexto de desconhecê-la, razão pela qual pouco importa se a população em geral não sabe diferenciar furto de furto qualificado ou roubo

    O relator, ministro Luis Felipe Salomão, ressaltou que o CDC abarca expressamente, no seu artigo , a possibilidade de pessoas jurídicas figurarem como consumidores Como a microempresa contratou os serviços da seguradora para proteção de seu patrimônio contra incêndio, danos, roubo e furto, o relator constatou que a destinação do seguro é pessoal para a contratante e não para seus clientes, circunstância que caracteriza a empresa como consumidora

    Os artigos , inciso III, e 54, parágrafo 4º, do CDC estabelecem que o consumidor tem direito à informação plena do objeto do contrato, garantindo não apenas a clareza física, com destaque das cláusulas limitativas, mas também clareza semântica, para evitar duplo sentido Segundo o ministro Salomão, o esclarecimento contido no contrato sobre a abrangência da cobertura reproduzindo, em essência, a letra do artigo 155 do Código Penal não satisfaz as exigências do CDC quanto à clareza das cláusulas limitadoras

    O relator afirmou no voto que se mostra inoperante a cláusula contratual que, a pretexto de informar o consumidor sobre as limitações da cobertura securitária, somente o remete ao texto da lei acerca de tipicidade do furto qualificado, cuja interpretação, ademais, é por vezes controvertida até mesmo no âmbito dos tribunais e da doutrina criminalista

    Ao negar conhecimento ao recurso e manter a condenação da Sul América, o ministro observou que nem mesmo os prepostos da seguradora possuíam conhecimento suficiente acerca da distinção entre furto simples e qualificado Indagados sobre o tema, responderam, em síntese, que no furto qualificado há vestígios, o que não há no furto comum (Resp 814060)

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